A cantora norte-americana Fergie volta ao Brasil para promover seu primeiro álbum solo, "The Dutchess" (2006), em show fechado nesta quinta-feira (13), no Via Funchal, em São Paulo. O evento é exclusivo para clientes de uma companhia de telefonia móvel. A artista recebeu a imprensa nesta quarta-feira (12), em um bar da zona sul de São Paulo, para falar da empreitada solo. E ressaltou o acolhimento por parte da audiência brasileira. "Gosto de voltar ao Brasil porque tenho um público muito fiel e a recepção é sempre impressionante", explica.
Fergie declarou que adora ouvir canções de Led Zeppelin, Sublime e Bob Marley -- este lhe serviu de inspiração para "Mary Jane Shoes", um dos destaques de seu álbum solo. Mas a música brasileira não fica de fora de seu playlist, conforme destacou, lançando mão até de seus atributos vocais para melhor se fazer entender e ressaltar a delicadeza do canto brasileiro. "Gosto da Astrud Gilberto e acho impressionante a qualidade de seus cantores, pois não usam muito 'vibratto'", declarou.
Em se tratando do atual momento de transição da indústria do disco, Fergie ainda não sabe como serão lançados seus próximos álbuns. É elusiva quanto aos rumos de sua carreira, solo ou com o grupo de rap The Black Eyed Peas, mas elogiou a empreitada do grupo britânico Radiohead. "Foi genial porque os fãs verdadeiros sempre pagarão por sua música e te acompanharão aonde quer que vá. Fazer dinheiro com música não se restringe às vendas de discos, podemos arrecadar com turnês e muito mais coisas. Talvez entremos em estúdio no decorrer do ano, mas vamos ver o que acontece. Gosto de experimentar", instiga.
"The Dutches" enfatiza seus atributos artísticos ofuscados no trabalho com o grupo e Fergie declarou que agora seu público pode conhecê-la melhor, por intermédio de suas músicas confessionais, conforme comentou. "Definitivamente, canções pessoais ajudam as pessoas a saberem melhor quem eu sou, assim têm maior noção de meus esforços. E também foi uma boa oportunidade para as pessoas saberem que tenho outros atributos, além de ser uma garota do rock", declarou.
Atitude rock'n'roll
Veterana no cenário pop, a cantora iniciou carreira como dubladora das personagens Sally e Lucy, da versão televisiva do desenho "Charlie Brown", do cartunista Charlie Schultz. Também integrou o elenco do seriado norte-americano "Kids Incorporated" e o trio pop feminino Wild Orchid, mas só se notabilizou quando substituiu Kim Hill no Black Eyed Peas, renovando a imagem do grupo com sua atitude roqueira e sensualidade características. Estes fatores foram essenciais para o aumento considerável das vendagens do grupo, anteriormente mais restritas ao segmento. E assim surgiu a idéia de seu primeiro álbum solo, chancelado pelo produtor will.i.am, o líder do Black Eyed Peas.
Devido ao sucesso obtido, são histórias quase indissociáveis e assim ambos ganham na parceria. Foi com os parceiros que excursionou pelo Brasil duas vezes, em 2006 e 2007. A primeira turnê lançou luz até sobre a trajetória solo da cantora, que apresentou seu hit "London Bridge" em São Paulo. A turnê rendeu um convite para um show do Black Eyed Peas no Réveillon carioca e will.i.am já gravou no pais o clipe de "I Got it from my Mama", um dos maiores sucessos de seu álbum solo, "Songs About Girls" (2007).
"Dutchess" incorpora as variadas referências musicais de sua formação, conforme enfatizou. "Meu trabalho tem uma atitude mais rock'n roll, mas sempre me apresento com meus dançarinos, pois não poderia fazer isso sem eles. Musicalmente comecei a trabalhar com o pop, mas sempre fui muito influenciada por rock, rap e r&b. Meu trabalho solo reflete muito bem essa mistura, essa conjunção de diferentes fatores. Excursionar com o Black Eyed Peas me deu a confiança necessária para me lançar como artista solo. Esses caras são meus irmãos e mostrarei coisas boas no show de amanhã", promete.
A atitude de mulher safada que incorpora em seu trabalho no Black Eyed Peas aparece em versão mais velada em "The Dutchess", com toque perversos de ingenuidade, à moda das pin ups tradicionais da iconografia pop. Talvez por essa razão, a cantora é tímida ao ser elogiada sobre seus atributos físicos e indagada sobre como mantém a boa forma. "É difícil fazer dieta quando estou no Brasil, pois a comida é sensacional. Mas sempre procuro ingerir pouca gordura e carboidrato. Não sou perfeita, mas, à medida que me tornei mais velha, aprendi a me aceitar como sou -- sem me importar se estou com alguns quilos a mais ou a menos", confessa.
A boa forma é invejável para uma mulher que comemora seu 33º aniversário este mês, junto com o cineasta norte-americano Quentin Tarantino, em uma grande festa em Nova York. Noiva do ator Josh Duhamel e amiga de cineasta, o próximo passo de Fergie seria naturalmente estrelar alguma nova empreitada na tela grande, pois já participou de "Grindhouse" (2007), filme do diretor. Mas a cantora descarta esta possibilidade no momento. "É importante ter tempo para desenvolver um bom trabalho", afirma